segunda-feira, 2 de abril de 2012

A musa e o poeta (ou um amor sob os percalços do tempo e do destino)



A arte literária mundial, por diferentes épocas e escolas, é profusa em relatar, tanto em prosa quanto em verso, as mais distintas facetas do sentimento humano, em especial o que envolve um homem e uma mulher, e seus inevitáveis desdobramentos. Tem sido assim desde os tempos antigos, como na “Ilíada”, atribuída a Homero, passando pelo período medieval, com a angústia da separação de que trata a mítica história “Tristão e Isolda”, inspirada nos poemas de Béroul e Tomás, chegando até a Idade Moderna, através da pena de Shakespeare, com a tragédia amorosa envolvendo dois jovens, “Romeu e Julieta”.
 
Uma grande história de amor, digna dos mais premiados estilos e fazeres literários de todos os tempos, contempla os dias atuais. Contada, ainda, de forma fragmentária - relatos orais, poemas e pequenos textos – traz à compreensão que o destino, sempre temperamental e caprichoso, insiste em escravizar as relações amorosas. Seus protagonistas, apesar de descenderem do fidalgo português dom Francisco da Cunha e Silva Castelo Branco, não mais carregam consigo a opulência da nobreza lusa, tão cantada nas cantigas de amor e nos romances de cavalaria. Ao contrário, são concebidos e vivem parte de suas infâncias e adolescências em solares simples e rústicos, em meio à bucólica vida de pequenas cidades e propriedades rurais, no norte piauiense.

Em 08 de novembro de 1937, do leito do casal Claudemira Regina de Carvalho Fortes e Francisco de Sousa Fortes, nasce Francisco de Assis Fortes, em casa da fazenda Malhada do Meio, município de Esperantina, Piauí. Não seriam, no entanto, as Tágides, musas do rio Tejo, invocadas por Camões em “Os Lusíadas[1], que fariam irromper do coração do futuro poeta uma “fúria grande e sonorosa”. Cerca de seis anos mais tarde, em 26 de novembro de 1943, do matrimônio entre Maria Fortes Castelo Branco (Bilizinha) e Samuel Fortes Rodrigues, nasce, no lugar Bom Jardim, uma musa em flor, batizada por Maria Lina Fortes.

Os dois rebentos, apesar de primos em terceiro grau, crescem sem que tomem conhecimento um do outro. Assis Fortes, desde a tenra idade até a adolescência, passa a residir com a família na cidade de Esperantina. Em fevereiro de 1956, ingressa no seminário, em Parnaíba, ali permanecendo até junho de 1957. Quanto à Maria Lina, é confiada, ainda pequenina, por um tempo, aos cuidados dos avós pelo costado materno, Lina Castelo Branco e Domingos (Binga) Fortes, residentes, à época, na localidade Tabuleirinho. A menina retorna, depois, ao convívio dos pais, no Bom Jardim e, em meados da década de cinquenta, mora com sua tia “Lili”, na Malhada do Meio, dali transferindo-se para Piracuruca.

Os últimos meses do ano de 1957 encontram Assis Fortes na localidade Malhada do Meio, desempenhando a função de mestre-escola, nomeado que está pelo poder executivo municipal de Esperantina. Nesse mesmo período, Maria Lina, ao alvorecer de suas catorze primaveras, ainda se acha na companhia dos pais, na fazenda Bom Jardim. De acordo com relatos do próprio poeta, em seu artigo autobiográfico “Tópicos de Uma História de Amor[2], no início de dezembro daquele ano, durante uma viagem de visita a parentes, se conhecem na casa do Bom Jardim. O literato descreve sua musa como sendo uma “garota bonita, loura, pele rosada, de olhos brilhantes, corpo escultural, muito gentil e graciosa”. A partir desse primeiro encontro, os jovens passam a compartilhar uma grande paixão, tendo início o namoro em julho de 1958. Não é difícil imaginar trocas de juras de amor em belas noites de luar, tal como no clássico “Romeu e Julieta”, em que diz Romeu: “- Senhora, juro por essa lua que coroa de prata as copas dessas árvores...”. Em resposta, assim exclama Julieta: “- Oh! Não jures pela lua, a inconstante lua que muda todos os meses em sua órbita circular, a fim de que teu amor não se apresente igualmente variável[3]. Também no mês de julho, passados dois anos, trocam alianças de noivado, em Piracuruca, para onde a família de Maria Lina havia de transferido.

O romance vivido por Assis Fortes e Maria Lina é registrado em cada poema, cada estrofe, cada verso que o poeta dedica à sua musa inspiradora. A distância física, imposta ao casal na maior parte dos três anos de namoro e de noivado, faz fluir de sua pena o belo soneto “Longe de Ti[4]:
Longe de ti, meu amor, sinto saudade.
Quanta amargura, meu bem! Oh! Quanta dor!
Uma tristeza imensa me invade
Por não te ver ao meu lado, meu amor!
 
Sem ti, não posso viver contente.
Sem ti, eu não vivo, passo a vida.
Contigo exulto alegremente,
Ao teu lado sou feliz, minha querida.
 
Em ti pensando, vivo de emoção.
A ti amando com fidelidade.
Estou contente, viverei contente.
 
Distante sofro, sangro o coração,
Sentindo sempre uma cruel saudade,
Até que Deus nos uma eternamente.
 
Quer o destino, porém, que a bela história de amor sofra um grande revés. Também no mês de julho, ano de 1961, o compromisso, “por motivos banais foi desmantelado”, como justifica, reticente, o poeta. Acerca do infausto episódio, no entanto, podem ser colhidos importantes vestígios quando analisadas algumas expressões contidas nos versos do poema em que Assis Fortes recorda, embora sucintamente, o intenso amor que viveu, até a dolorosa “Despedida[5]:
 
Um dia... Que emoção!
Ao ver-te, meu coração
Se encheu de satisfação.
 
E logo cedo te amei;
Viver contigo sonhei,
Porém, te perdi, bem sei.
 
Contigo alegre sorri;
Quanta ternura senti!
Amor intenso vivi.
 
Te amo intensamente,
Te quero ardentemente,
Te deixo, infelizmente.
 
Não posso continuar
Contigo a caminhar.
Como em ti confiar?
 
É hora da despedida,
Parto com a alma ferida
Prá reconquistar a vida.
 
Eu jamais vou te esquecer,
Mas desejo com prazer,
Que feliz possas viver.
 
Sob a égide do tempo, passam-se horas, dias, anos... No entanto, nem todos os fragmentos de amores passados e de lembranças felizes são dissipados, como cinzas ao vento. Assim é que no curso de cerca de trinta anos, Maria Lina constrói sua vida “por um outro caminho”, contraindo núpcias com Luis e passando a residir em Fortaleza, Ceará. Dessa união, nascem suas duas filhas, Jacqueline e Ana Lina. No campo profissional, torna-se servidora do órgão previdenciário oficial, até a sua aposentadoria.
  
O jovem Assis Fortes, de sua parte, busca seguir sua trajetória. Transfere-se para Barras e, depois, para Teresina, indo residir em companhia de sua irmã, Maria de Jesus. Pugna por alcançar seus objetivos pessoais, dando prosseguimento aos estudos e buscando almejar a realização profissional. Nesse interlúdio, procura superar, debalde, a interrupção de sua história de amor com Maria Lina. Para os males que acometem seu coração apaixonado, encontra melhor lenitivo entregando-se à literatura, à educação e à inabalável fé cristã, que sempre lhe é fiel companheira. Determinado, o poeta trilha exitosa vida acadêmica e profissional. Licencia-se em Disciplinas Especiais do 2º Grau – Esquema II, em 1977, e se gradua em Letras-Português, em 1980, ambos pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Em sua missão de educador exemplar, passa a integrar o quadro docente da então Escola Técnica Federal do Piauí, a partir de 1972. Da veia literária, centenas de peças jorrarão – tanto em verso quanto em prosa - que comporão um volume, publicado em 1989, sob o título “Minha Terra, Meus Poemas”.
  
Diz-se que o tempo, fiel escudeiro do destino, tem, sob seu encargo, a missão de cicatrizar todas as feridas... Ou quase todas. Como exceção à regra, em seus anais, poderá ser encontrado o registro do sentimento que sobrevive no peito no notável literato esperantinense. Em julho de 1970, quando são transcorridos nove anos desde o rompimento com a mulher amada, o poeta concebe o soneto “Teu Retrato[6], primeiro desse título. Todo o poema é concebido sob o uso estilístico da prosopopéia, uma vez que a alusão à bela imagem de sua musa, impressa em óxido de prata sobre papel fotográfico, dota-a de sorrisos, palavras e outros atributos. O autor explicita, ali, todo seu sentimento, ainda eivado de profunda mágoa e fulminado pela grande dor da perca:
  
Eu fitava, admirado, horas inteiras,
O retrato sorridente que me deste,
Absorto, esquecia das canseiras
Quando olhava teu sorrir quase celeste.
  
Como um anjo de bondade tu sorrias
E sorrindo parecia que falavas.
Eu ouvia, bem baixinho, o que dizias:
“Eu te amo!... Eu te amo!...” Sussurravas.
   
Era engano, mero engano, nada ouvia,
Pois aquele teu retrato que sorria
Motejava deste homem que te amou.
  
Mas, em tempo, compreendi o teu intento
E embora com o peito em sofrimento
Devolvi o teu retrato traidor.
      
Pouco mais de um ano depois, em agosto de 1971, o poeta observa a passagem de uma década, desde a infausta separação. Também faz perceber que seu amor persiste sobrevivendo e continua promovendo perturbações em seu espírito. Assim é que, envolto em suas lembranças, como que pairando nas asas de Ícaro, voa, sonha e deseja sua musa, conforme é explicitado em sua “Mensagem Sem Retorno[7]:
   
Dez anos já se foram e não te vejo,
Nem quero ver-te, para não sofrer.
Na solidão sufoco o meu desejo,
Mas não te excluo do meu bem-querer.
 
Meu pensamento sempre, sempre voa,
Vai muito longe, em busca de teu rosto
E depois volta, me deixando à toa,
Menosprezado e cheio de desgosto.
  
Se durmo, sonho com o teu semblante,
Tão meigo e belo, de raro vigor
E acordo tonto, com tua voz vibrante,
Sentindo o estalo de um beijo de amor.
  
Mas é só sonho, nada acontece,
Só a saudade me maltrata o peito.
A esperança de te ver fenece.
É sem retorno o nosso amor desfeito.
  
Se és feliz não sei, porém espero.
E te desejo todo o bem da vida.
Que a mim te rendas, nem pensar, não quero.
E nem desejo te pedir guarida.
   
E como tens contigo em companhia,
Alguém que te levou ao santo altar,
Nem chega a mim a torpe ousadia
De buscar meios para te encontrar.
   
Entrego a Deus bondoso o meu futuro
E pra não ter maior meu sofrimento,
Vou me enganando, assim, com amor puro,
Mesmo sem êxito, busco o esquecimento.
    
Em momento psicológico distinto, 22 de julho de 1984, Assis Fortes se encontra em passeio na cidade de Balsas, Maranhão, quando lhe chega a dadivosa inspiração. Àquele instante, concebe “Teu Retrato[8], o segundo. Note-se que, nesse poema, o literato da terra abençoada pela Virgem da Boa Esperança busca a redenção pelo uso de expressões que considera mais incisivas, dirigidas à representação de sua querida Maria Lina, inscritas no poema homônimo anterior. Ainda vitimado pela tristeza por que ainda está consumido, o filho dos campos da Média Malhada reafirma o seu amor, ao tempo em que demonstra, agora, grande maturidade. Podem ser percebidas, na análise das entrelinhas das estrofes, réstias de arrependimento por seu orgulho vigoroso não haver lhe permitido perdoar a “inexperiência” da sua musa. Em gesto de grande nobreza, digno dos mais honrados e bravos ascendentes da Casa de Pombeiro[9], demonstrará toda a sua altivez e generosidade, quando, concluindo sua composição, deseja que sua amada encontre a felicidade, ainda que tenha trilhando uma “outra estrada”:
    
Sei que entendeste.
Sei que compreendeste.
Eu não tive a intenção
De magoar teu coração.
Não quis ofender, de fato,
O teu airoso retrato
Que com porte e majestade
Refletia, na verdade,
A pureza e a bondade
De alguém que amou tanto
Mas que, ouvindo outro canto,
Deixou o meu peito em pranto,
Maltratado pela dor,
Por aquilo que fizeste,
Pela topada que deste
No caminho do amor.
E eu, decepcionado,
Humilhado, irritado,
Não aceitei o pedido
Que prá mim não fez sentido,
De desculpas, de perdão,
De reconciliação.
Não soube avaliar
A tua inexperiência
E do meio a influência
Que te levou a outra estrada
E deixou-me a estacada,
Atônito, sem opção,
Sangrando o coração.
Embora fosses, querida,
O amor da minha vida,
Preferi a despedida.
Retiro, então, a ofensa,
Se é que ofensa fiz,
Ao retrato sorridente
Que um dia me falou
De carinho, de amor,
Mas depois, indiferente,
Ficou sisudo, silente.
Meu peito é chama de amor;
Não guarda ódio, rancor,
Da tua fotografia,
Do teu retrato airoso,
Do teu sorriso formoso.
Desejo que “teu retrato”
Siga o caminho, de fato,
Do bem, do amor, da verdade,
Da própria felicidade.
    
Volta à carga o destino, em suas atividades, ao promover um inusitado reencontro entre Assis Fortes e Maria Lina, em fevereiro de 1987, passados cerca de vinte e cinco anos, na residência dos genitores da musa, em Piracuruca. Essa passagem é descrita pelo poeta em seu artigo autobiográfico “Vinte e Cinco Anos e Seis Meses Depois[10], onde relata a profunda emoção por que fora, então, acometido:
    
Foi um momento de extrema emoção para mim. Meu coração quase deixou de bater com tamanha surpresa, naquela ensolarada manhã [...]. Procurei disfarçar e retrair-me para não demonstrar o sentimento que me invadiu a alma e o coração naquele instante. [...] Como foi difícil disfarçar! Naquele instante, minha mente trouxe-me esplêndidas imagens dos doces momentos nos quais vivemos entre carícias e beijos ardentes.
    
O fato corrobora as inúmeras manifestações poéticas desenvolvidas por Assis Fortes no curso dos longos anos, ao demonstrar, com absoluta clareza, que o poeta jamais deixara de amar a sua musa. Um amor, entretanto, submetido aos caprichos do destino e, até aquele instante, sem lobrigar qualquer perspectiva de final feliz. Ainda segundo seus registros autobiográficos, Assis Fortes confessa que “embora tenha namorado algumas moças bonitas e prendadas de qualidades apreciáveis”, não conseguira engendrar relacionamentos mais sérios, pois que “não conseguia encontrar nas namoradas as virtudes das quais a ex-noiva era dotada[11].
    
O tempo prossegue em sua contagem – horas, dias, anos... Em suas infindáveis peripécias, “[...] o destino finge afastar aqueles que depois vai implacavelmente reunir...”[12]. Eis, então, que, em outubro de 1992, o tempo de Luis, esposo de Maria Lina, chega à sua finitude no plano terreno, encerrando uma relação conjugal de mais de vinte e nove anos. Assis Fortes, tomando conhecimento do fato através de amigos, decide por restabelecer contato com aquela que, um dia, lhe fora a promissora da felicidade. O emblemático reencontro entre a musa e o poeta acontece cerca de quatro meses depois, em fevereiro de 1993, nos moldes de uma cordata visita de condolências, em Fortaleza, Ceará. Assis Fortes descreve essa passagem na prosa autobiográfica “À Maria Lina – Depois de 31 anos e 7 meses[13], de onde é extraído o pequeno trecho, abaixo:
    
Ao ver-te estavas cabisbaixa. Meio encabulada e com timidez aparente. Tentei fazer com que outras pessoas não notassem minha verdadeira intenção. Não consegui fitar-te de frente porque desviavas sempre o olhar. Não pude, portanto, fixar o fundo de teus olhos já que os olhos são o retrato de tudo o que nos vai pela alma.
    
Ali, por sobre as linhas imaginárias d’algumas folhas de papel tamanho ofício, em seu módulo original, o poeta discorre, com detalhes, o “passo a passo” das ações e reações experimentadas pelo casal até pouco antes da decisão de ambos em “[...] retomarmos o caminho que havíamos percorrido juntos no decorrer de um bom tempo que se foi”. No excerto abaixo, Assis Fortes significa seu segundo encontro com Maria Lina, em um ambiente público de um restaurante da capital alencarina:
    
Durante quase o tempo inteiro do almoço nos olhávamos timidamente e não falávamos de nós dois. Até que o nosso passado veio à tona. Mas só falamos dos dissabores da nossa separação. Indicativos de nossos erros, acusações e justificativas foram rolando sobre a mesa do almoço. [...] Depois de todos os esfregões que demos um no outro, com palavras às vezes até agressivas, decidimos nos encontrar outra vez para continuarmos a conversa.
    
Outras conversas e várias tomadas de decisões, certamente, são engendradas pelo casal, até a comunicação do compromisso de casamento aos familiares, o que se dá em agosto de 1993, em Piracuruca. O reatamento da relação com sua eterna musa devolve ao poeta a esperança da felicidade e a alegria de viver.  Sublimado de inspiração, Assis Fortes exulta com encantos de sua Maria Lina, proclamando, em canto, sua “Declaração de amor[14]:
Tu és a mais bela criatura
Que Deus Pai, rei da Natura,
Colocou em meu caminho.
    
Tu és linda flor, pura e rosada,
Que colhi na minha estrada,
Com amor e com carinho.
    
Tu és uma jóia preciosa,
Faiscante, esplendorosa,
Dando a mim maior visão.
    
Tu és companheira dedicada,
A esposa tão sonhada,
Que me alegra o coração.
   
Sem ti, bem distante, acabrunhado,
Eu vivia desolado,
Recolhendo uma paixão.
    
Enfim, meu amor, te encontrei:
A mulher que tanto amei
E guardei no coração.
     
Cerca de trinta e seis anos separam o singelo encontro no Bom Jardim e o sacramento que une, em definitivo, a musa e o poeta. Em cerimônia simples, na manhã de 04 de dezembro de 1993, em Teresina, o padre Homero Bentes assiste a celebração do enlace matrimonial entre Maria Lina e Assis Fortes, em que o casal reafirma, sob as bênçãos do Nosso Senhor Jesus Cristo e o olhar aquiescente e piedoso da Virgem de Lourdes, seu grande e eterno amor. É, pois, a vitória da fé e da perseverança sobre a ação, por vezes impiedosa, do tempo e as artimanhas do destino.í


[1] CAMÕES, Luiz Vaz de. Os Lusíadas. Canto I, estrofes 4 e 5; p. 12.
[2] FORTES, Assis. Tópicos de Uma História de Amor. In: FORTES, Assis.
[3] SHAKSPEARE, William. Romeu e Julieta; Cena II; p. 67.  
[4] FORTES, Assis. Longe de Ti. In: FORTES, Assis. Minha Terra, Meus Poemas. Teresina: 1989; p. 82.
[5] FORTES, Assis. Despedida. In: FORTES, Assis. Minha Terra, Meus Poemas. Teresina: 1989; p. 83.
[6] FORTES, Assis. Teu Retrato (I). In: FORTES, Assis. Minha Terra, Meus Poemas. Teresina: 1989; p. 83.
[7] FORTES, Assis. Mensagem Sem Retorno. In: FORTES, Assis. Coisas da Vida. Teresina: Halley, 2007; p. 77-78.
[8] FORTES, Assis. Teu Retrato (II). In: FORTES, Assis. Minha Terra, Meus Poemas; p. 85-86.
[9] Francisco de Assis Fortes descende de dom Francisco da Cunha e Silva Castelo Branco, irmão legítimo de dom Pedro de Castelo Branco, Visconde de Castelo Branco e Conde de Pombeiro (ver: CASTELO BRANCO, Renato. Os Castelo Branco D’aquém e D’além Mar; p. 97).
[10] FORTES, Assis. “Vinte e Cinco Anos e Seis Meses Depois”. In: FORTES, Assis.
[11] FORTES, Assis. Vinte e Cinco Anos e Seis Meses Depois. In: FORTES, Assis.
[12] Lenda Medieval Celta de Amor. Tristão e Isolda; p. 28.
[13] FORTES, Assis. À Maria Lina – Depois de 31 anos e 7 meses.
[14] FORTES, Assis. Declaração de Amor. In: FORTES, Assis. Coisas da Vida. Teresina: Halley, 2007; p. 81.

sábado, 10 de março de 2012

Embate do Jacaré, prelúdio da Batalha do Jenipapo



No processo histórico das lutas pela adesão do Piauí à Independência do Brasil, um fato tem significado ímpar, por estabelecer o marco inaugural do confronto armado, na Província, entre independentes piauienses, cearenses e maranhenses e tropas oficiais e milicianas portuguesas. Esse episódio recebeu de pesquisadores e acadêmicos o título toponímico de “Embate da Lagoa do Jacaré”.
A 19 de outubro de 1822, a então Vila da Parnaíba decide por declarar apoio à independência brasileira, sob as lideranças de Simplício Dias da Silva e João Cândido de Deus e Silva, dentre outros. Quando a notícia chega à capital da Província, Oeiras, a Junta de Governo Provisório delibera pelo envio do Governador das Armas João José da Cunha Fidié, com a missão de sufocar o movimento, imediatamente.
O militar português que carrega, em seu currículo, brilhante participação nas Guerras Napoleônicas, parte de Oeiras a 13 de novembro, à frente de tropas de 1ª e 2ª linhas, composta por cerca de 380 praças, integrantes do 1º Regimento de Cavalaria Auxiliar e do Batalhão de Infantaria da Guarnição da Capital. Além das forças militares, muitos corpos de milícia vão sendo organizados pelo caminho e, ainda, diversos outros são arregimentados junto à contígua Província do Maranhão. Cumprindo o trajeto entre a capital e a Vila sublevada, o contingente luso chega a Campo Maior em 25 de novembro, ali permanecendo alguns dias. Prossegue seu percurso, alcançando a povoação de Piracuruca entre os dias 12 e 13 de dezembro. Sem receber qualquer resistência, toma Parnaíba a 18 de dezembro, uma vez que a maioria dos insurgentes daquela localidade se retira, estrategicamente, para os domínios da Província do Ceará, por não se encontrarem suficientemente preparados para o confronto e, ainda, pela necessidade da busca de apoio, especialmente reforços.
O comandante Fidié aproveita sua estada no norte para levar a cabo algumas medidas administrativas e de segurança que julga serem necessárias. Ocorre, porém, que diversos acontecimentos começam a se precipitar ao longo de toda a Província, de forma decisiva e irreversível. A 22 de janeiro de 1823, Leonardo Carvalho Castelo Branco, em retorno do Ceará, toma a povoação de Piracuruca, proferindo, em frente à Igreja Matriz de Nossa Senhora do Monte do Carmo, uma histórica e “audaciosa” declaração de independência. Em Oeiras, dois dias depois, a Junta de Governo Provisória é derrubada, sob a liderança dos Sousa Martins; a capital, finalmente, adere à causa separatista. Em 05 de fevereiro é a vez de Campo Maior aclamar d. Pedro I Imperador do Brasil, sob a hegemonia, a exemplo da Piracuruca, do valoroso Leonardo Castelo Branco.
Opondo-se a todos esses fatos, Fidié toma a decisão de fazer marchar a tropa de cerca de 1.300 homens contra Oeiras, com o firme propósito de estabelecer a ordem na Província e confirmar a obediência à Constituição Portuguesa e a d. João VI. A 1º de março, o contingente luso inicia o que se revelaria uma fatídica e tortuosa jornada de tentativa de regresso.
Segundo o historiador Renato Neves Marques, “logo após a sua saída de Parnaíba, o comandante Fidié, na sua experiência de guerras anteriores, destacou de sua tropa uma força de 80 homens de cavalaria, sob o comando de dois oficiais para irem na frente fazendo o reconhecimento do terreno, a fim de tomar a retaguarda dos independentes”. A respeito do deslocamento das tropas sob seu comando, a partir da Parnaíba, o próprio Fidié, em suas memórias, transcritas na obra “Vária fortuna de um soldado português”, escreve: “[...] e tendo conseguido fazer evacuar a força de mil e tantos homens que se achava mais próxima, segui esta força, picando-lhe a retaguarda por cinqüenta e oito léguas, e até o Campo do Jenipapo, perto da Villa de Campo Maior”.
A população de Piracuruca, por aqueles dias, encontra-se guarnecida apenas por um pequeno número de oficiais, sob o comando do capitão José Francisco de Sousa, grupo esse remanescente das divisões cearenses que haviam acompanhado Leonardo Castelo Branco, desde a Villa Distinta e Real de Sobral. Ao tomar conhecimento da saída de Fidié de Parnaíba com um grande contingente militar, a modesta guarnição constata, por óbvio, ser suicídio enfrentar o contingente português. O capitão José Francisco, alegando motivos de saúde, cuida em se retirar para a Serra da Ibiapaba. Ante o perigo que se avizinha e sem o necessário comando, o restante da tropa que ainda se acha aquartelada na povoação acaba por debandar rapidamente.
A 10 de março de 1823, um pequeno grupo de cerca de sessenta homens, em vias de regresso à Província do Ceará, provavelmente, para a então Villa Viçosa Real (atual cidade de Viçosa), encontra-se, por obra das circunstâncias, com o mencionado grupo de reconhecimento da tropa de Fidié. Ali, ainda em terras de Piracuruca, na localidade Ilhós de Baixo, cercanias da Lagoa do Jacaré, tem lugar o primeiro confronto militar envolvendo soldados portugueses e independentes brasileiros na Província do Piauí. Alguns historiadores fazem menção ao episódio, embora de forma resumida, citando ocorrências de baixas, sem dispor de números. Citando Vieira da Silva, o historiador Pereira da Costa, em sua magistral obra “Cronologia Histórica do Estado do Piauí”, consigna assim o referido embate:
Prosseguia o major Fidié a sua marcha sobre Oeiras. Chegando ao Ilhós de Baixo e desejando tomar a retaguarda dos independentes que havia evacuado Piracuruca, mandou marchar 80 homens de cavalaria com dois oficiais para reconhecer o terreno. No dia 10 de março, encontrou-se este piquete com uns 40 ou 50 independentes também montados, com os quais tiveram uma escaramuça junto ao lago Jacaré, sofrendo estes últimos algumas perdas e ficando da tropa portuguesa um soldado prisioneiro[1].
Devidamente cientificado do confronto acontecido à beira da Lagoa do Jacaré, o comandante Fidié faz sua aproximação da povoação de Piracuruca com a necessária cautela, mas a toma sem qualquer resistência, uma vez que o perímetro urbano se encontra saqueado e praticamente abandonado. A tropa lusitana permanece no local apenas por tempo suficiente a um brevíssimo descanso. É que a história já acenava para um decisivo encontro, protagonizado pelo patriotismo de um grupo de nordestinos brasileiros e o dever de fidelidade e passionalidade de um valoroso chefe militar português e sua tropa. A emblemática batalha se realiza a 13 de março, tendo como cenário os campos que margeiam o rio Jenipapo, nas proximidades da Vila de Campo Maior.
Ao Embate do Jacaré deverá ser consignada a importância de haver deflagrado, em campo de batalha, a “Guerra do Fidié”. Ali, o sangue de alguns heróis anônimos, provavelmente de naturalidade cearense, jorra e se infiltra em solo de Piracuruca, sagrando o firme ideal brasileiro de construção de uma pátria livre e soberana, com a unidade territorial e a dimensão geográfica que conhecemos atualmente. Prelúdio da Batalha do Jenipapo, a escaramuça piracuruquense – incluindo-se a identificação dos seus personagens – permanece amargando o desconhecimento da grande maioria dos brasileiros. Por esta razão, o pitoresco fato, ocorrido em 10 de março de 1823, necessita ser devidamente pesquisado e difundido, como parte de uma singular epopeia sertaneja, repleta de exemplos de bravura e patriotismo. No entanto, as tentativas de sensibilizar os gestores públicos para a causa histórica da Lagoa do Jacaré ainda não lograram o merecido êxito. Um exemplo de que a história e a cultura de Piracuruca não se constituem prioridades para seus administradores é a atenção destinada ao anteprojeto – protocolado junto ao Governo Municipal, em 05 de fevereiro de 2009 – que propõe a criação e implantação de um complexo arquitetônico e paisagístico no local, composto de parque ambiental e temático, monumento e memorial, com vistas à preservação dos patrimônios natural e cultural, bem como à promoção do turismo histórico na região.         

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Publicado em:

Jornal Acesso Real, coluna “Calidoscópio Cultural”, ano I, nº 09, de 16 a 31.03.2008 (primeira versão).

Sítio www.piracuruca.com, coluna “O Mermorista”, postado em 03.2008 (primeira versão).

Revista PiauíTUR, ano I, nº 02, novembro de 2009; p. 26-31 (segunda versão).




[1] COSTA, F. A. Pereira da. Cronologia Históricas do Estado do Piauí; p. 303.



sábado, 18 de fevereiro de 2012

Piracuruca de muitos carnavais



Segundo alguns pesquisadores, o carnaval tem suas raízes históricas na Antiguidade. A expressão carnaval é de origem latina, “carne levare”, e significa “abstenção de carne”. Os primeiros relatos desse período de festividades profanas remontam a Roma do século XI. Durante a Idade Média a festa é apropriada pelo cristianismo, iniciando no Dia de Reis (Epifania) e terminando na quarta-feira de cinzas.
O carnaval moderno – caracterizado pelos desfiles à fantasia – se inicia na Era Vitoriana (século XIX). Paris, na França, e Veneza, na Itália, tornaram-se grandes modelos exportadores da festa carnavalesca para o mundo, inclusive o Brasil.
Compondo, inicialmente, o folclore, o carnaval brasileiro, com o tempo, passa a ter forte apelo comercial e midiático, tornando-se um dos principais exemplos do fenômeno da cultura de massa e de produto de exportação. A folia de Momo, com seus desfiles de escolas de samba, principalmente no eixo Rio-São Paulo, ocupa lugar de destaque no calendário turístico nacional e internacional. Na Bahia, a atuação de grupos musicais e de dança, como o Olodum, bem como dos inúmeros blocos puxados por trios elétricos, são espetáculos de rara beleza e alegria imensurável. Os grupos de Frevo e Maracatu, por sua vez, deslumbram a todos nos carnavais de Recife e Olinda, estes ainda fortemente vinculados às manifestações folclóricas regionais.
Em Piracuruca, a exemplo da grande maioria das pequenas cidades brasileiras, podem ser observadas algumas fases carnavalescas distintas. O longo período que antecede os carnavais de clubes é identificado, hoje, apenas através de parcos depoimentos orais e de alguma memória fotográfica. Tem-se notícia que, nas primeiras décadas do século XX, desenvolve-se na cidade o “Corso”, evento em que foliões desfilam pelas ruas, lotando os raros automóveis disponíveis à época. Além do “Corso”, há registro da fundação de uma associação carnavalesca, em 24.01.1913[1], denominada “Diletantis Piracuruquense”. Sobre essa agremiação, assim assenta Britto:
[...] Nascida como bloco carnavalesco, sua pretensão era transformar-se em clube recreativo. Para isto, foi criado o “Estatuto”, que regeria a agremiação e ali registrada a firme promessa de construção da própria sede, assim que as condições permitissem. Seu primeiro presidente foi Teófilo de Morais Britto e a diretoria compunha-se de muitos outros membros[2].
No início da década de trinta, em pleno “Estado Novo”, surgem outros grupos organizados de foliões, a exemplo do bloco “Fenianos” e de seu arquirival, os “Fanfarrões”. A propósito dessas duas associações, ainda recorrendo aos escritos de Britto, sabe-se que:
[...] Ambos nasceram como blocos de carnaval e deram tão certo que se transformaram em agremiações recreativas, embora sem sede definitiva. A maioria dos componentes dos Fenianos eram piracuruquenses, mas, segundo a Sra. Nazaré Alcobaça, esta separação nasceu sem planejamento. Os Fanfarrões eram o inverso, sua maioria era de pessoas de fora, mas também era aberto a qualquer simpatizante. Havia famílias que se dividiam nas simpatias. [...] Assim fui informada[3].
 Nos anos que se seguem ao advento de “Fenianos” e “Fanfarrões”, muitas outras manifestações carnavalescas afloram na sociedade piracuruquense. A tradição oral menciona as “Tirolesas” (1936), o “Bam-Bam” (1937) e as “Colombinas” (1938). Nessa época, os bailes são realizados nas residências ou nos salões da Prefeitura Municipal. Reina absoluto o gênero musical “marchinha”; as máscaras e as fantasias fabulares dominam as festas, animadas por muito confete, serpentina e lança-perfume... “Tanto riso, oh quanta alegria, mais de mil palhaços no salão; Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão...”[4].
A fase dos carnavais em clubes é inaugurada com os bailes que passam a acontecer no Cassino 16 de Julho, clube fundado em 15.09.1939[5]. Por aquele tempo, os principais blocos carnavalescos de Piracuruca têm a organização de dona Carlota e de dona Francesa, destacando-se, dentre os quais, os “Granadeiros do Amor”. É também por aqueles carnavais que surge o bloco dos “Marinheiros”, composto, exclusivamente, por casais da sociedade piracuruquense.
Com a emergência do Grêmio Recreativo Piracuruquense, fundado a 13 de junho de 1952[6] pelo saudoso doutor Manoel Francisco de Cerqueira e seus companheiros, intensificam-se as incursões de blocos carnavelescos. Pelos idos dos anos 50 e 60, desfilam, dentre outros, o “Diavoleto”, os “Sacis”, os “Pistoleiros”, e “Os Gaviões”. Já na segunda metade dos anos 70, surgem os “Gurus das Sete Cidades”, “Os Piratas”, “As Frenéticas” e “Chuva, Suor e Cerveja”. No início dos anos 80, lutam pela simpatia do público dois grandes adversários: o “Massa Real” e o “Xandanca”. Em 1987, é organizado o bloco “Tá Com Tudo”. Ainda na década de 80, surgem o “Pra lá de Quente” e o “Tá Bacana”. O carnaval de 1991 é abrilhantado pelo o bloco “Eki-Pirados”. Em 1994, é a vez do bloco “Calor do Samba” esquentar os bailes do clube.
A inauguração do Complexo Turístico da Prainha, no final de 1997, dá início à atual fase do carnaval de Piracuruca. O evento passa a receber patrocínio público e a ser organizado pela Secretaria de Municipal de Cultura. Esses são novos tempos, novos paradigmas para o carnaval brasileiro, de forma geral. Na esfera nacional, além da tradição do samba, o axé baiano promove uma ruptura musical, passando a compartilhar o posto de ritmo dominante, imiscuindo-se a outros gêneros musicais, principalmente no Nordeste. Na indumentária, as velhas fantasias sucumbem, ante ao apelo comercial dos abadás. Os principais representantes piracuruquenses da nova fase são os blocos: “Cara de Pau”, “Xandanka”, “Sedução”, “Só Nóis” e “Só as Mercadorias”. Atração à parte é o “Bloco das Virgens”, grupo que chama a atenção pela extrema alegria e irreverência.
Não pairam dúvidas, entre teóricos e estudantes das Ciências Sociais, de que o carnaval, no Brasil, evolui de uma representação folclórica primitiva para um grande fenômeno da cultura de massa. Nos grandes centros urbanos, onde a indústria do turismo representa parcela significativa do mercado, o evento transforma-se em artigo de luxo e de exportação, movimentando vultosos recursos econômico-financeiros. Espetáculo cultural e artístico de grande beleza plástica, o carnaval torna-se produto de amplo consumo, onde estão bem definidos os atores e seus diversos papéis, de prestadores de serviços a consumidores.
No entanto, em municípios de pequeno porte, salvo raras exceções, a festa, financiada com recursos públicos, acaba por assumir clara conotação político-partidária. Sob o rótulo carnavalesco, à sociedade é oferecido um serviço de diversão popular, impregnado, quase sempre, de generosos recheios  populistas e clientelistas. Aos paladares e olfatos um pouco mais apurados, no entanto, há de se perceber que há, sim, algo de podre no reino de Momo: fantasiados de supostos “benfeitores” do povo, os promotores e organizadores da festividade são, em muitos casos, vorazes perdulários do erário público. Tais dispêndios, em grande parte, têm origem em desmandos administrativos, em detrimento do custeio e do financiamento de serviços essenciais à comunidade - educação, saúde, ifraestrutura básica - não sendo incomuns os processos contra gestores municipais por crimes de desvio de finalidades. Percebe-se, por óbvio, que nem tudo está submetido à ruptura cultural: a prática do “pão e circo”, estratégia de dominação e controle de massas, utilizada, largamente, desde a Roma antiga, mostra-se ainda bastante eficaz, em sua versão contemporânea.
Contam-nos os compêndios históricos que para o “carne levare” promovido pelo Império Romano chegar à sua “quarta-feira de cinzas” foram transcorridos cerca de mil anos. A despeito dessa metáfora carnavalesca, há um cabedal de ensinamentos acerca do intrincado jogo promovido pelos mais diversos aparelhos ideológicos e repressores do Estado – instalados, hoje, em todos os níveis da administração pública -, bem como os consequentes males a ele atribuídos, que nos é legado por essa basilar civilização ocidental. A bem da ética e em face dos "muitos carnavais” observados em nossos dias, parece oportuno o reexame de algumas lições de democracia, em especial os ensinamentos que versam acerca da alternância de idéias e de práticas políticas, como fatores essenciais para o equilíbrio entre as diversas forças culturais, sociais e econômicas de um povo, salutar em quaisquer tempo e posição geográfica.í


Publicado em:
Jornal Acesso Real, coluna "Calidoscópio Cultural", ano I, nº 07, de 16 a 29.02.2008 (primeira versão)
Sítio www.piracuruca.com, coluna "O Memorista", 16.04.2010 (primeira versão).



[1] BITENCOURT, Jureni Machado. Apontamentos Históricos da Piracuruca; p. 154.
[2] BRITTO, Maria do Carmo Fortes de. Remexendo o Baú; p. 148.
[3] BRITTO, Maria do Carmo Fortes de. Remexendo o Baú; p. 150.
[4] KETI, Zé; MATTOS, Pereira. Máscara Negra (1967).
[5] BITENCOURT, Jureni Machado. Apontamentos Históricos da Piracuruca; p. 169.
[6] BRITTO, Maria do Carmo Fortes de. Remexendo o Baú; p. 127.